Esses dias comentei com uma amiga que admiro demais dois tipos de pessoas, capilarmente falando: quem usa o cabelo naturalmente enrolado e/ou volumoso, e quem usa o cabelo beeeem curto:
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Exemplos de cabelos admiráveis |
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Admiro porque ando bastante incomodada com a espécie de lei capilar que reina e determina que todo e qualquer cabelo deve ter luzes (de preferência californianas), ser bem comprido, bem liso, e ter uma franja de lado. Dou 1 minuto pra vocês e tenho certeza que conseguem pensar numa série de elementos assim, que parecem todos saídos do mesmo salão. Concordo que alguns desses cabelos são lindos, desde que bem cuidados e bem tingidos, e que muitas vezes são, sim, parte da personalidade da pessoa, mas me preocupa a falta de personalidade disso de um modo mais geral. Sem perceber, a pessoa vai acreditando que só aquilo é bonito e quando vê, tá mais uma na multidão regada a Blondor e antifrizz. Por isso que na ditadura da Rapunzel com progressiva valorizo tanto que vai na contramão e assume os cabelos cacheados, cuidando e valorizando o produto. Ou então libera a nuca de todo e qualquer cabelo e fica mais linda ainda assim.
Vocês podem estar se perguntando: "ai, sua retardada, mas eu NÃO sou a Natalie Portman e não tenho esse rosto de boneca." Ok, mortal querida, NEM EU. Mas agora mentaliza essa carinha bonita coberta de sunkiss, franja e brinco de argola (outra tendência forte). Não fica a mesma coisa, né?!
E personalidade capilar me faz pensar em personalidade fashion. Eu não sou nenhuma Glória Khalil, nenhum exemplo de suprassumo do conhecimento fashion. Mas se tem uma coisa que eu tenho ao me vestir, é coerência e personalidade. Sou daquela pessoa que todo mundo que me conhece comenta que tudo que eu uso é a minha cara. Uso brinco de pérolas literalmente desde que nasci, só fui mudando o tamanho. Uso sapatilhas desde sempre, e era uma verdadeira odisséia achar uma, mas eu achava. Camisas, então? Rodava lojas e lojas para achar uma que não fosse
secretária de firma. Hoje em dia pérola é tendência e sapatilhas lotam as vitrines. Não sou dessas de ter crise underground porque agora todo mundo usa, até fico feliz com a propagação do bem vestir (
do brinco eu tenho ciúmes, na verdade), o que me irrita é a banalização. Da mesma forma que o cabelo anda sendo fabricado em série, as roupas também. Fico incomodada ao ver pessoas sendo vítimas da moda a tal ponto que perdem totalmente a sua personalidade ao se vestir. E acho que falta de personalidade ao se vestir é um forte indício de que falta personalidade no resto. Se uma revista é capaz de te fazer mudar horrores, imagina um chefe, um namorado, um parente?! Não digo com isso que devemos nos vestir iguais desde os anos 80, década na qual até a
Audrey Hepburn usou um cabelinho esquisito (tenso), mas sim ADAPTAR a moda pro que somos e gostamos. Com essa onda de laços, feminilidade e fofuras, comemorei, porque agora poderia escolher minhas sapatilhas, camisas e pérolas sem ameaçar vendedoras pelo caminho. Mas aí aconteceu a merda da padronização e hoje em dia vejo meninas que até ontem só usavam tamancão de acrílico e calça agarrada parecendo uma criança em formatura do pré, de tanta firula na roupa. E é isso que me incomoda profundamente.
E voltando aos cabelos, é por issos que tenho desejos frequentes de tosar meu cabelo que, mesmo sendo loiro natural, liso porque quer e uns 10 cm mais curto que as Iris Stefanellis da vida, não me traduz como eu gostaria.
E você, o que te traduz?
UPDATE: Tosei meu cabelo na altura do pescoço, como usava há um tempo atrás. E é incrível a mudança positiva que isso me trouxe... Por um mundo personalidade, e não apenas capilar.